Como é que se caracteriza o Manuel Luís Goucha? Que virtudes e que defeitos?
No trabalho procuro ser, acima de tudo um bom profissional.
Talvez que a teimosia seja a minha maior qualidade, porque a entendo como braço armado da preserverança. Mal aplicada poder-se-á transformar num defeito. Mas estou atento.
O apresentador que vemos na televisão é muito extrovertido. E fora dos ecrãs é igual? É sempre assim tão divertido e extrovertido?
Fora dos ecrãs serei, talvez, mais tranquilo e reservado. Gosto desse outro lado, que é quando me encontro com os livros, com a música, com os sonhos...
Após tantos anos a aparecer de forma ininterrupta, todas as manhãs na televisão, ainda sente o mesmo entusiasmo do início?
Mes esse é o segredo para tanto tempo de programas de manhã. Manter o empenho e entusiasmo como se fosse sempre o primeiro programa!
Como é que se prepara antes do começo de cada programa diário “Você na TV”?
A preparação é feita na véspera em casa, lendo a documentação recolhida pela produção, consultando o meu próprio centro de documentação, a Internet ou a minha biblioteca.
Tem de conciliar o trabalho de apresentador com a gestão dos seus restaurantes. Isso é fácil ou é uma dor de cabeça para si?
Tenho quem cuide da gestão dos restaurantes (um outro sócio). Agora tenho é de conciliar o trabalho de apresentador com a feitura dos doces para os restaurantes. E isso é fácil com uma planificação criteriosa do tempo. Sou irritantemente organizado.
Como é que é o seu dia-a-dia? Passa o dia a correr de um lado para o outro?
Acordo às seis e saio de casa às sete. Às oito há uma reunião de trabalho com a equipa do programa, para avaliarmos alguma dificuldade que possa existir no alinhamento do programa. Este começa por volta das 10 horas e vai até às 13, hora a que temos outra reunião para se fazer o balanço do programa e falarmos do dia seguinte. Às 14 horas saio da TVI e regresso a casa. Os doces vão-me ocupar cerca de duas horas e outro tanto, pelo menos, fica por conta da preparação do programa. Ainda consigo tirar uma meia hora para brincar no jardim com os meus cães. Resta algum tempo para ler e ver algo na televisão, porque não um DVD? Às 22 horas estou a dormir.
Para além dos doces, confecciona outro tipo de pratos para os seus restaurantes?
Faço apenas doces, que foi a minha área, para os restaurantes. E continuo a ter o enorme prazer de criar ou recriar doces. Aliás, em breve, voltarei aos livros de receitas, com um conjunto de doces.
Qual é a região portuguesa que tem a gastronomia da sua preferência?
O Alentejo.
Por algum motivo especial?
Por ter uma cozinha imaginosa e perfumada através do sábio uso do que a terra dá.
Qual é para si a ementa ideal?
A ementa ideal é aquela que é pensada com ternura e autenticidade. É como a vida!
Afirmou há algum tempo atrás, numa entrevista, que pretende enveredar por uma carreira política. Mantêm essa pretensão? Quando e como é que pensa envolver-se na política?
O ideal seria daqui a sete anos. Para já há outros projectos: abrir um grande restaurante
Gostaria de dentro de dois anos me dedicar ainda mais a estes negócios. Vou voltar aos livros de receitas, tal como lhe disse, quero também ter uma revista mensal de culinária. E ainda há mais projectos. Ser presidente de câmara seria um desafio muito interessante e que encaro com seriedade para um futuro a médio ou a longo prazo. Para mim seria tentar pôr na prática aquilo que defendo para uma comunidade moderna, atenta e solidária. A ver vamos.
A Câmara Municipal de Sintra continua a ser o seu objectivo? Porquê esta autarquia?
É no concelho de Sintra que vivo. Um concelho rico em história e tradições, sem esquecer o património social. As pessoas que fazem e vivem o concelho. De entre elas, crianças e velhos (gosto da palavra por encerrar sabedoria) que há que apoiar e estimar. São os mais desprotegidos em todo o país.